#270 – Brassando com Estilo: Old Ale

Capa - Old Ale

Old Ale: história, características e receita completa para produzir e envelhecer sua cerveja inglesa

Com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis, neste epísódio, juntamente com Jamal Awadallak, exploramos os detalhes que tornam esse estilo único e como obter os melhores resultados ao produzi-lo.

O que é Old Ale? História e origem do estilo inglês

O termo Old Ale é utilizado há séculos na Inglaterra para descrever cervejas destinadas à guarda e envelhecimento. Diferente das Mild Ales, que são cervejas jovens e frescas, as Old Ales são feitas para passar por uma longa maturação, desenvolvendo características únicas ao longo do tempo.

⏳ Historicamente, muitas dessas cervejas apresentavam um “K” ou “X” no nome, indicando sua intensidade ou tempo de guarda, uma tradição bem detalhada no livro A História das Cervejas Britânicas, de Martyn Cornell, recentemente traduzido para o português e publicado pela Editora Krater.

Evolução histórica: Mild Ale, Stock Ale e Barley Wine

A trajetória da Old Ale acompanha a própria história da escola cervejeira inglesa. Termos como Stock Ale, Barley Wine e Burton Ale eram, antigamente, utilizados quase de forma intercambiável. Por isso, autores como o historiador Ronald Pattinson reforçam que, no passado, não havia uma distinção clara entre eles.

Hoje, o estilo está definido no BJCP (Beer Judge Certification Program) como 17B Old Ale, mas com uma ampla variação entre exemplares:

  • Cervejas de barril (cask ales): teor alcoólico mais baixo (4.5% a 5%), não envelhecidas, semelhantes às Milds.
  • Versões envelhecidas: teor alcoólico entre 6% e 8%, com características de maturação prolongada.

Essa diversidade histórica reflete as mudanças econômicas, tecnológicas e culturais da Grã-Bretanha, como crises de guerra e avanços na malteação, que influenciaram diretamente a composição das cervejas.

Perfil sensorial da Old Ale segundo o BJCP

Aromas

O aroma é dominado pelo malte adocicado e ésteres frutados, frequentemente com uma mistura complexa de:

  • Frutas secas
  • Caramelo
  • Melado
  • Toffee
  • Notas vínicas (xerês, porto)
  • Leves traços de oxidação

    ✳ Aroma de lúpulo geralmente não está presente.

Aparência

  • Cor variando do âmbar profundo ao marrom escuro avermelhado.
  • Muitas vezes escurecida ainda mais pela oxidação e idade.
  • Límpida, mas pode ser quase opaca.
  • Colarinho de baixo a moderado, cor creme a castanho claro.

Sabor

  • Maltado de médio a alto, com nozes, caramelo, melado.
  • Chocolate leve ou malte torrado (opcional).
  • Equilíbrio geralmente adocicado, mas pode variar.
  • Ésteres frutados (frutas secas, vínicos).
  • Oxidação positiva com notas de vinho do Porto.
  • Força alcoólica evidente.

Corpo e carbonatação

  • Corpo de médio a cheio, denso.
  • Carbonatação baixa a moderada.
  • Leve acidez e taninos opcionais.

Diferenças entre Old Ale e Barley Wine inglesa

A fronteira entre a Old Ale e a English Barley Wine é bastante tênue:

  • ABV acima de 7%: tende a ser classificada como Barley Wine.
  • Com ênfase maior nas qualidades provenientes do envelhecimento (oxidação positiva, notas vínicas): Old Ale.

Ingredientes essenciais para uma autêntica Old Ale

Malte base: por que usar Maris Otter?

O malte Maris Otter Pale Ale é preferido por seu perfil característico:

  • Notas de biscoito champanhe.
  • Maior complexidade e clarificação.
  • Utiliza-se de 85% a 90% do grist.

Maltes especiais e caramelo: construindo complexidade

  • Caramelo médio (60°L): toffee e bala de caramelo.
  • Caramelo escuro (120°L): frutas escuras e leve azedinho.
  • Malte Chocolate: ajuste de cor e notas amendoadas.
  • Caramelo inglês nº 3: preparado artesanalmente para características históricas.

Adjuntos e açúcares: como equilibrar corpo e dulçor

  • Açúcares simples (açúcar de cana ou invertido) ajudam a secar o corpo e evitar dulçor excessivo.
  • Milho e trigo eram usados historicamente, mas são dispensáveis nas versões modernas.

Processo de brassagem da Old Ale: Mostura e controle de FG

  • Mostura simples por infusão única a 66-67ºC.
  • Controlar temperatura para evitar FG muito alta (limite máximo: 1022).

Lúpulo inglês: amargor estratégico e envelhecimento

  • Uso de lúpulos ingleses como Target.
  • Ajustar IBUs:
    • 50 IBUs para envelhecimento prolongado.
    • 30-35 IBUs para consumo jovem.

Oxidação controlada: vilã ou aliada na cerveja envelhecida?

A oxidação controlada é bem-vinda, contribuindo para:

  • Notas de frutas secas, vinho do Porto, madeira.
  • Cuidado com oxidação excessiva (principalmente em barricas pequenas).

Leveduras ideais para Old Ale: perfil inglês e técnicas

Leveduras recomendadas:

  • Secas: Lallemand London, Fermentis S-04, Nottingham.
  • Líquidas: Resident Ale, EB Fermo Whale.

Dicas:

➡ Usar alta taxa de inoculação (3 pacotes secos para 20L ou propagação).
➡ Temperatura: 17-21ºC.
➡ Opcional: Brettanomyces para perfil histórico.
➡ Suplementação: Zinco e oxigenação.

Perfil de água para Old Ale: simplicidade e equilíbrio

Sugestão:

ComponenteValor (ppm)
Cálcio100
Sulfato100
Cloreto100

Evitar excesso de cloreto para não deixar a cerveja enjoativa.

Carbonatação e guarda: como envelhecer sua Old Ale corretamente

  • Carbonatação: 2.3 a 2.5 volumes de CO₂.
  • Evitar alta carbonatação para preservar sensorial.
  • Envelhecimento:
    • 6 meses mínimo.
    • Temperatura ideal: 18-20ºC.
    • Priming ajuda na proteção contra oxidação.
    • Garrafas menores (300-375ml) facilitam consumo gradual.

Receita completa de Old Ale moderna com técnicas históricas

Volume: 20 litros
OG: 1.078
FG: 1.020
ABV: 7,6%
IBU: 50 (para envelhecimento) ou 35 (fresco)
Cor: 40 EBC
Eficiência: 60%
Fervura: 90 minutos

Maltes:

  • 6 kg Maris Otter Pale Ale
  • 300g Caramelo 120°L
  • 300g Caramelo 60°L
  • 100g Malte Chocolate
  • 430g Caramelo Inglês nº 3 (preparado artesanalmente)

Lúpulo:

  • 45g Target (11% AA) com 90 minutos de fervura.

Perfil de água:

  • 6,3g Cloreto de Cálcio
  • 2,2g Sulfato de Magnésio
  • 6,4g Sulfato de Cálcio

Levedura:

  • AEB Fermoale Whale ou equivalente
  • Opcional: Brettanomyces bruxellensis (0,1 pacote)

Processo:

  1. Mostura simples a 67ºC por 60 minutos.
  2. Mash out a 78ºC.
  3. Inoculação a 15ºC, fermentação principal a 17ºC.
  4. Descanso de diacetil por 2 dias.
  5. Clarificação e maturação por 14 dias.
  6. Envelhecimento mínimo: 6 meses.

Conclusão: produza sua Old Ale com confiança

A Old Ale é um dos estilos mais ricos e fascinantes da escola inglesa, unindo tradição, complexidade e a possibilidade única de evolução com o tempo. Dominar sua produção exige atenção aos detalhes: escolha dos maltes, controle da fermentação, equilíbrio do amargor e paciência para o envelhecimento.

Com as técnicas e recomendações apresentadas, você está preparado para produzir uma Old Ale autêntica, seja para consumo jovem ou para desfrutar ao longo de anos.

Quer aprofundar ainda mais sua produção? Experimente adaptar a receita sugerida, teste diferentes tempos de guarda e descubra como a oxidação controlada pode transformar sua cerveja!

#175 – Malte: Como maltear em casa

As vezes nos encontramos numa situação em que pensamos: “quero me estressar mais um pouco, porque não fazer malte?”

Com a parceria da Cerveja da Casa, da Hops Company, da Levteck e da Prussia Bier vamos falar sobre os processos que envolvem fazer o seu malte em casa.

E hoje temos um anúncio para quem gosta de IPA e quer descobrir mais sobre esse universo. A Pruissia Bier está lançando um Clube de assinaturas.

Em busca da IPA suprema é um clube diferente. Durante 6 meses, os jovenzinhos da Prussia vão fazer IPAs, cada vez mais lupuladas e alcoólicas. A cada mês vai ter um aumento de lupulagem e de alcool. Tudo isso acompanhado por analises laboratoriais feitas pelo Duan Ceola e degustadas numa confraria online com os assinantes.

As confrarias vão ocorrer todos os meses com os assinantes e com alguns jovens entendidos no assunto. Além de nós, o Duan Ceola, O Victor Bertú, o Thiago Zolet o Alexandre do Canal Dr. Cerveja e o Leandrinho Cerveja Fácil (abraço Leandro) vão participar do rolê

E como não poderia deixar de ser, todas as cervejas serão enviadas com embalagem de isopor e icepack e com frete grátis. As vendas começam HOJE e o clube tem vagas limitadas. Não perde tempo e usa o código BRASSAGEMFORTE que assinando o semestral tu leva um Pack de IPAs de brinde no primeiro envio. Clica aqui!

Curso de Análise Sensorial e off Flavors

E tem mais! para aquelas pessoas que sempre quiseram entender mais sobre Análise Sensorial e sobre Off Flavors e que achavam que precisavam se mover grandes distâncias para ter acesso a um workshop assim, temos novidades.

O André Inácio do canal mosturando está trazendo um workshop para essas pessoas com 4 aulas online preparadas especialmente para ajudar a entender mais sobre off flavours.

Os workshops são ao vivo, uma vez por semana, sempre das 20h30 as 22h30.

Você recebe em casa o kit de off flavors e as instruções de como usá-lo durante as aulas.

Cada aula tem um conteúdo específico, indo desde definições de análise sensorial, básico de produção de cerveja e como avaliá-la e cada uma das aulas tem um momento onde alguns off flavor são analisados, finalizando o curso com uma parte prática de análise sensorial de cervejas conhecidas.

Os encontros serão nos dias 2/9/16/23 de março.

Para quem ouviu aqui no Brassagem Forte e se inscrever até o dia 20/fev, tem preço especial, só falar que escutou aqui. Clica aqui do post e manda um salve.

Viu que temos um Apoia.se? Se você em algum momento pensou em ajudar o programa, essa é a chance!



#168 – Malte: Como substituir

“Não tem Carafa Special III mas é só trocar pelo dobro de Carafa Special II que é a mesma coisa”

Com a parceria da Cerveja da Casa, da Hops Company e da Levteck, vamos entender o erro que existe nessa afirmação e chegar a conclusão que substituir malte é treta.

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#164 – Malte: Análise de laudo

E você achando que somente lúpulo que tinha um monte de informações. Sabe de nada, inocente!

Com a parceria da Cerveja da Casa, da Hops Company e da Levteck, vamos entender que malte tem ficha corrida, que aquela eficiência que você não atingiu pode ser culpa do malte e nos afundar em números. Vamos falar sobre análise de laudos!

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#159 – Malte: Especiais

E aqueles maltes diferentosos, não têm vez? Claro que têm!

Com a parceria da Cerveja da Casa, da Hops Company e da Levteck, vamos explorar essa categoria de maltes que não são usados com tanta frequência mas que moram no nosso coração e ajudam muita gente a continuar tomando cerveja. Vamos falar sobre maltes especiais!

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#156 – Malte: Torrado

Você já ouviu sobre isso aqui, mas dessa vez viemos com mais qualidade e com mais assunto.

Com a parceria da Cerveja da Casa, da Hops Company e da Levteck, vamos voltar a falar sobre o lado escuro do malte, de torras, sabores intensos, amores e dissabores. Vamos falar sobre malte torrado!

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#153 – Malte: Crystal e Caramel

Se existe uma discussão infinita sobre malte, essa é uma das mais tretosas

Com a parceria da Cerveja da Casa, da Hops Company e da Levteck , vamos falar sobre o processo para fabricação, as diferenças e similaridades e entender porque substituir um deles pode ser ruim. Vamos falar sobre malte crystal e caramel!

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#148 – Malte: Introdução e malte base

Tudo começou por causa de alguns grãos de cevada que passaram por um processo mágico e viraram cerveja.

Com a parceria da Cerveja da Casa, da Hops Company e da Levteck , vamos falar sobre a espinha dorsal da nossa cerveja e por mais que você goste de lúpulo, precisa entender sobre o assunto. Vamos iniciar uma nova série falando sobre Malte!

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#111 – Sala de Brassagem: Ainda precisamos falar de puro malte?

O Sala de Brassagem é um novo “programa” onde trazemos pessoas do meio para trocar uma ideia descontraída, sem pauta (e eventualmente sem limites) sobre algum tema (que nem sempre é respeitado) e acima de tudo, sem edição (o Henrique agradece).

E para o primeiro episódio, com a parceria da Cerveja da Casa, da Hops Company e da Levteck , convidamos o Leandro “Gelatina Boy” do canal Cerveja Fácil e o Beto Tempel, cervejeiro da Trilha para entender se ainda precisamos falar sobre puro malte.

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#15 – Maltes 101

Dos campos de cevada, passando pela maltaria e chegando na sua cerveja, neste programa iremos falar de um dos 4 pilares da fabricação da cerveja, o Malte.
Com a parceria da Cerveja da Casa  e da Fermmento Labs, iremos falar sobre como o malte é feito, tipos de malte, características e o papo furado de sempre.