#292 – Reaproveitamento de Lúpulo de Dry Hopping

O dry hopping (DH) é uma técnica amplamente utilizada para intensificar o aroma das cervejas lupuladas, mas que inevitavelmente gera um subproduto: grandes quantidades de lúpulo saturado de cerveja, descartado após a infusão. A pesquisa de Duan Ceola, apresentada em sua dissertação de mestrado, investigou justamente como reaproveitar esse lúpulo e quais aplicações práticas poderiam surgir desse processo — tanto para a indústria cervejeira quanto para outros setores.

Não perca mais esse papo, que conta com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis

Continue lendo “#292 – Reaproveitamento de Lúpulo de Dry Hopping”

#292 – Brassando com Estilo: Mixed-Fermentation Sour Beer

O universo das cervejas ácidas e complexas sempre desperta curiosidade entre cervejeiros caseiros e profissionais. Neste episódio do Brassagem Forte, Henrique Boaventura recebe novamente Ingrid Matos, cervejeira premiada e especialista em estilos Sour, para discutir em profundidade a categoria Mixed-Fermentation Sour Beer segundo o BJCP 2021.

Esse papo, que conta com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis, traz desde definições e parâmetros técnicos até debates sobre bases ideais, uso de microrganismos, madeiras e blendagens.

Continue lendo “#292 – Brassando com Estilo: Mixed-Fermentation Sour Beer”

#291 – Eu faço cerveja: Guilherme Zaniol

De Caxias à Flórida: a jornada de Guilherme Zaniol no homebrewing e na cerveja artesanal

Neste episódio do Brassagem Forte, Henrique Boaventura conversa com Guilherme Zaniol, cervejeiro caseiro desde 2010. Zaniol compartilha sua trajetória no homebrewing, desde os primeiros passos em Caxias do Sul até seu retorno à produção nos Estados Unidos, analisando insumos, equipamentos, custos e diferenças culturais entre Brasil e EUA.

Mais um papo incrível que conta com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis.

Continue lendo “#291 – Eu faço cerveja: Guilherme Zaniol”

#289 – A Hora Ácida: infusão de sementes e folhas em cervejas ácidas

#289 - A Hora Ácida: infusão de sementes e folha em cervejas ácidas

Infusão de sementes e folhas em cervejas ácidas: técnicas, riscos e possibilidades

Cervejas ácidas complexas e o papel das infusões artesanais

Cervejas ácidas complexas representam um dos campos mais criativos da cerveja artesanal. Neste episódio do Brassagem Forte, dando continuidade à série A Hora Ácida, Henrique Boaventura e Diego Simão, cervejeiro da Cozalinda, discutem técnica e sensorial no uso de infusões de sementes e folhas — um recurso que amplia o perfil aromático das cervejas sem mascarar sua base.

Continue lendo “#289 – A Hora Ácida: infusão de sementes e folhas em cervejas ácidas”

#284 – Nacional das Acervas 2025 e associativismo

Nacional das Acervas

Concurso Nacional das Acervas 2025: resultados, tendências e inclusão na cerveja caseira

O Concurso Nacional das Acervas 2025 foi mais que uma competição: foi um grande encontro de cervejeiros e cervejeiras caseiras de todo o Brasil. Organizado pela Acerva Paulista e promovido em São Paulo durante o feriado de Corpus Christi, o evento reuniu 600 amostras de cerveja e contou com diversas atividades técnicas, culturais e sociais.

Com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis, aqui reunimos os principais pontos discutidos no episódio 284 do Brassagem Forte, com Henrique Boaventura, Ludmyla Almeida e Oscar Freitas Júnior, presidente da Acerva Brasil.

O que é o Nacional das Acervas?

Mais que um concurso, um ecossistema cervejeiro

O evento é o maior encontro técnico e cultural entre as acervas estaduais. Vai muito além da competição: inclui congressos técnicos, passeios, Beer Bus, brassagens coletivas e experiências com foco em comunidade.

Números da edição 2025

  • 600 amostras inscritas (limite máximo)
  • Mais de 2.300 garrafas analisadas
  • Evento sediado na Academia da Cerveja, em São Paulo
  • Participação de todas as regiões do Brasil

Acervas com maior participação:

  • Paulista: 250
  • Paranaense: 121
  • Gaúcha: 55
  • Catarinense: 49
  • Mineira: 41

As melhores cervejas do Brasil em 2025

Top 3 geral:
  1. New Zealand Pilsner (ouro)
  2. Belgian IPA (prata)
  3. German Pils (bronze)

O resultado mostra um amadurecimento do perfil técnico das produções caseiras e uma tendência de retorno aos estilos clássicos, leves e bem executados.

Desempenho por aproveitamento de medalhas
  • Cearense: 25%
  • Paranaense: 20%
  • Catarinense: 18%
  • Paulista: 14%

Tendência: menos IPA, mais sutileza

Participantes e jurados observaram uma queda na presença de IPAs e um aumento no envio de estilos como Belgian Single, German Pils e outros mais delicados. A cena cervejeira caseira parece mais madura e interessada em qualidade e equilíbrio.

O associativismo em alta

A Acerva Brasil e suas representantes regionais estão se reinventando. Com foco em inclusão de não-produtores, incentivo a encontros presenciais e ações para ampliar a diversidade, o associativismo cervejeiro ressurge como peça-chave para manter vivo o hobby.

Inclusão e representatividade: desafios e caminhos

O evento de 2025 trouxe importantes discussões sobre inclusão. Algumas medidas destacadas:

  • Paridade de gênero nas mesas de jurados
  • Acessibilidade em todos os eventos
  • Ideias para descontos em inscrições para mulheres e pessoas negras
  • Ações afirmativas como workshops em bairros periféricos

Reativando a cultura do encontro

A pandemia interrompeu encontros presenciais e esvaziou parte do movimento associativo. Para retomar, é preciso incentivo coletivo e apoio dos bares e cervejarias. O exemplo de Acervas que estão promovendo encontros abertos mostra que é possível reacender a chama do coletivo.

Conclusão: cerveja se faz junto

O Nacional das Acervas 2025 foi mais do que números. Foi uma reafirmação do prazer em fazer, beber e compartilhar cerveja. Representou a maturidade técnica de quem brassou, a evolução do associativismo e o potencial transformador da inclusão no universo cervejeiro. Se o futuro da cerveja caseira for coletivo, técnico e diverso, ele será mais forte – e mais saboroso.

#283 – Brassando com Estilo: American Porter

American Porter

Como fazer uma American Porter: história, receita e guia completo do estilo

Neste episódio do Brassagem Forte, Henrique Boaventura recebeu Ingrid Matos para mergulhar na história e nos detalhes técnicos da American Porter, um estilo de cerveja escura que une a tradição britânica e a ousadia do lúpulo americano.

Com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis, você vai descobrir como fazer uma American Porter de forma precisa, com todos os detalhes discutidos por capacitadíssimos especialistas!

História da American Porter: Origens e Renascimento

A gênese e os blends históricos

A Porter nasceu na Inglaterra do século XVIII como a cerveja do trabalhador, popularizada pelos blends em pubs. Misturas de Mild Ale, Old Ale e Pale Ale criaram perfis únicos que chegaram até nós, mesmo que a gênese exata do estilo permaneça incerta.

O renascimento do estilo em versão americana

Em 1984, o renascimento da Porter na Inglaterra inspirou o surgimento das American Porters, marcadas por aroma e amargor de lúpulo em contraste com maltes torrados. Exemplos clássicos incluem Anchor Porter, Bells Porter e Deschutes Black Butte.

A American Porter segundo o BJCP

Impressão geral e perfil sensorial

  • Cerveja escura, maltada, com amargor médio a alto.
  • Aroma de chocolate, café leve, notas de caramelo ou toffee e presença opcional de ésteres frutados.
  • Aparência marrom escuro a preto, reflexos rubi, colarinho castanho.
  • Sabor equilibrado entre malte torrado e amargor, com final seco ou meio doce.

Parâmetros técnicos

  • OG: 1.050 a 1.070
  • FG: 1.012 a 1.018
  • Amargor: 25 a 50 IBU
  • Cor: 22 a 40 SRM
  • ABV: 4,8% a 6,5%

Maltes e construção do corpo

Maltes base, especiais e torrados

A base da receita inclui:

  • Malte Pilsen Agrária (88-89%)
  • Melanoidin (4-6%) para dulçor e cor rubi
  • Carafa 3 Special (~3%) para cor intensa e café
  • Malte Chocolate ou Carafa 2/Kestel para notas de chocolate.

Maltes caramelo até 10% podem ser usados para dulçor e frutas escuras, mas sem exageros para manter o equilíbrio.

Lúpulos na American Porter: contraste e equilíbrio

Escolha e adições de lúpulo

  • Lúpulos clássicos: Northern Brewer, Cascade, Goldings.
  • Ingrid recomenda Amarillo para notas de laranja que combinam com chocolate dos maltes.
  • Evite lúpulos muito intensos como Nelson Sauvin para não desequilibrar.
  • Amargor no início da fervura e aroma no whirlpool, sem exageros no dry hopping.

Fermentação e levedura para American Porter

Levedura ideal e perfil de fermentação

  • London Ale (Levitec) como levedura preferida por Ingrid: esterificação rica em frutas vermelhas.

Fermentação entre 18-20°C, garantindo complexidade sensorial e equilíbrio.

Ajustes de água e carbonatação

Perfil de água recomendado

  • Água levemente dura (50-100 ppm de cálcio) para ressaltar o malte.

Para quem não controla pH, adição dos maltes torrados no final da mostura ajuda a manter o equilíbrio.

Carbonatação no estilo

Carbonatação média a média-alta (2,5-2,7 volumes) para realçar aromas e manter o perfil clássico da American Porter.

Receita completa de American Porter

Ingredientes

  • Malte Pilsen Agrária (88-89%)
  • Melanoidin (~4-6%)
  • Carafa 3 Special (~3%)
  • Malte Chocolate ou Carafa 2/Kestel
  • Lúpulo amargor: Columbus, Magnum ou Galena
  • Lúpulo aroma: Amarillo no whirlpool (1 g/L)
  • Levedura: London Ale (Levitec), 18-20 °C
  • OG: 1.065-1.068 | FG: 1.008-1.010
  • IBU: 38-40 | ABV: 6-6,5%

Conclusão

A American Porter é um estilo que equilibra tradição e inovação, destacando-se pelo contraste entre malte torrado e lúpulo americano. Produzir essa cerveja exige atenção aos detalhes, honestidade com o estilo e paixão pela cerveja artesanal. Consuma, valorize e compartilhe — assim mantemos viva a cultura cervejeira!

#281 – Dia de Julgamento: Blonde Ale

Dia de Julgamento - Blonde Ale

Se você quer saber como se avalia uma cerveja artesanal de forma técnica, este conteúdo é para você! Neste episódio especial do Brassagem Forte, Henrique Boaventura e Gabriela Lando, a Química Cervejeira, realizam a primeira edição do Dia do Julgamento, avaliando, segundo os critérios do BJCP, uma Blonde Ale caseira enviada pelo Taylor, membro da Cerva Serra – Cervejeiros da Serra Gaúcha.

Com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis, acompanhe a avaliação completa da Blonde Ale, entenda os pontos fortes, os erros, os acertos e, principalmente, descubra como melhorar suas próprias brassagens.

O estilo Blonde Ale

A Blonde Ale é uma cerveja de origem americana, de alta fermentação, leve e com alta drinkabilidade. Seu perfil sensorial é limpo, maltado, com baixo amargor e sutis notas de lúpulo floral, frutado ou herbal. Apresenta corpo médio-baixo, final seco e não deve ter sabores agressivos.

Ideal para quem quer uma cerveja fácil de beber, mas sem abrir mão de equilíbrio e qualidade sensorial.

Ficha Técnica da Produção

  • Estilo: Blonde Ale (BJCP 18A)
  • Malte: 100% Pilsen (Agrária)
  • Lúpulo: Brewers Gold (fresco, colhido no dia)
  • Levedura: Safale US-05 (3ª geração)
  • Água: Água de poço, sem análise prévia
  • Adições de lúpulo:
    • 100g na fervura (60 min.)
    • 100g no whirlpool (flameout)

A cerveja foi produzida no CEAB (Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Alimentos e Bebidas) em Caxias do Sul, utilizando lúpulo fresco cultivado localmente, sem análises laboratoriais sobre alfácidos ou perfil da água.

Análise sensorial completa da Blonde Ale

Aroma

  • Percepções:
    • Malte de baixa intensidade (pão, biscoito, cereal)
    • Leve dulçor (caramelo e mel), sugerindo início de oxidação
    • Lúpulo floral e frutado (pêssego, maçã) em baixa intensidade
    • Esterificação perceptível, gerando notas de frutas amarelas e cítricas
  • Problemas: Aroma não completamente limpo, leve oxidação
  • Nota: 7/12

Aparência

  • Percepções:
    • Cor amarelo palha a dourado claro
    • Límpida, porém não cristalina (leve turbidez)
    • Espuma branca, densa, de ótima formação e retenção, com aspecto cremoso
  • Nota: 3/3

Sabor

  • Percepções:
    • Malte presente (pão, biscoito, cereal) com leve dulçor
    • Lúpulo floral e herbal em baixa intensidade
    • Frutado lembrando drupas (pêssego, damasco)
    • Amargor baixo, final seco
    • Leve acidez acompanhada de notas de oxidação (caramelo e mel)
  • Nota: 11/20

Sensação na boca

  • Percepções:
    • Corpo médio-baixo a baixo
    • Carbonatação média-alta, conferindo vivacidade
    • Sem adstringência, sem aquecimento alcoólico
    • Secura perceptível, o que impacta na cremosidade e na maciez
  • Notas:
    • Gabriela: 4/5 (descontou pela falta de cremosidade)
    • Henrique: 5/5

Impressão geral

  • Conclusão:
    Cerveja honesta, dentro do estilo, mas afetada por problemas técnicos como leve oxidação e acidez inesperada. A secura excessiva reduz um pouco a drinkabilidade.
  • Sugestões:
    • Analisar e ajustar o perfil da água (evitar uso de água não tratada)
    • Minimizar exposição ao oxigênio após fermentação e no envase
    • Melhorar relação malte/água para aumentar o corpo
    • Revisar o uso de lúpulo fresco e sua influência no perfil sensorial
  • Notas:
    • Gabriela: 6/10
    • Henrique: 6/10

Pontuação Final

  • Gabriela: 30 pontos
  • Henrique: 32 pontos

Classificação BJCP: Muito boa – dentro do estilo, mas com algumas falhas perceptíveis.

Bastidores da produção: desafios e aprendizados

  • A cerveja foi feita em um evento coletivo, com uso de lúpulo fresco da plantação experimental do CEAB.
  • A água utilizada era de poço, sem análise, ajustada empiricamente com ácido lático na brassagem.
  • Levedura Safale US-05 em terceira geração, sem cultivo prévio, o que pode ter contribuído para a esterificação excessiva.
  • O lúpulo Brewers Gold foi colhido no dia, sem parâmetros precisos de alfácido, o que dificultou o controle do amargor.
  • A leve acidez pode ter origem na acidificação mal calculada da água ou em fermentação com micro-organismos indesejados.

Considerações finais dos juízes:

Apesar dos desafios, a cerveja ficou boa, bebível e dentro do estilo. O feedback técnico permite que Taylor melhore sua próxima brassagem, especialmente nos controles de água, fermentação e oxigênio.

Conclusão: como avaliar cervejas e evoluir como cervejeiro caseiro

O Dia do Julgamento não se pretende como mero exercício de análise de amostras. É uma aula sobre como avaliar cerveja artesanal, entender seus defeitos e acertos, e usar o feedback como ferramenta de evolução.

Taylor, com quase 10 anos de experiência como cervejeiro caseiro, mostra que, mesmo depois de muita prática, cada brassagem traz novos aprendizados — especialmente quando lidamos com variáveis pouco controladas como água desconhecida ou lúpulo fresco.

✅ O aprendizado aqui vale para qualquer cervejeiro caseiro: controle rigoroso da água, da fermentação e da oxidação são fundamentais para transformar uma boa cerveja em uma excelente cerveja.

#280 – Como coletar microrganismos selvagens para fermentação espontânea de cerveja

A Hora Ácida

A Hora Ácida #5 com Henrique Boaventura e Diego Simão (Cozalinda)

As cervejas selvagens de fermentação espontânea conquistaram espaço entre os estilos mais intrigantes e complexos da cena artesanal. Neste episódio, Henrique Boaventura recebe novamente Diego Simão, da Cervejaria Cozalinda, para uma verdadeira aula sobre coleta de microrganismos selvagens — aqueles que não vêm de pacotinho, mas sim do meio ambiente, frutas, flores e até do mel de abelhas nativas.

O episódio também conta com relatos do Rodrigo Jardini (da Yarun Fermentados) e da pesquisadora Carola Carvalho (Space Beer Project).

Com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis, prepare-se para uma jornada ácida, cheia de cuidado técnico e que pode abrir caminho para experiências sensoriais únicas!

O que são microrganismos selvagens e onde encontrá-los?

Antes de existirem cepas isoladas e vendidas comercialmente, todas as fermentações eram conduzidas por microrganismos presentes nos utensílios, ingredientes ou no próprio ambiente. As cervejas ácidas de fermentação espontânea ainda se baseiam nesse princípio ancestral: captar leveduras selvagens e bactérias do meio ambiente e deixá-las fazer o trabalho de fermentação.

Esses microrganismos estão por toda parte, mas há locais que oferecem maior probabilidade de captura eficaz:

  • Fontes de açúcar simples, como frutas, tubérculos ou flores, são os ambientes mais promissores.
  • Ambientes historicamente fermentativos, como engenhos de farinha ou colmeias, oferecem colônias já estabelecidas.
  • O ar também pode carregar microrganismos, mas sua taxa de inóculo é imprevisível.

Exemplos práticos de coleta: mandioca, frutas, ar e mel

Projeto Manipueira: a mandioca como meio vivo

Um dos destaques da Cozalinda é a Manipueira Selvagem, feita com suco de mandioca (manipueira) fermentado espontaneamente. Ao coletar esse suco em engenhos centenários, onde a mandioca é processada com madeiras antigas, cria-se um ambiente propício à coleta de microrganismos adaptados.

Importante: a manipueira usada não é adicionada à cerveja, mas sim utilizada como meio de fermentação e propagação inicial.

Mosto exposto ao ar: técnica arriscada

Durante um período, muitos cervejeiros tentaram expor mosto resfriado ao ar em ambientes naturais. Embora pareça romântico (e até remeta às Lambics belgas), esse método apresenta baixa taxa de sucesso e alto risco sanitário. A falta de controle sobre o tipo e quantidade de microrganismos que se instalam compromete a segurança e o resultado sensorial da cerveja.

Frutas como meio de coleta

As frutas são excelentes candidatas: carregam açúcar, e muitas vezes já estão colonizadas por leveduras selvagens e outros microrganismos. O ideal é coletar frutas frescas, amassá-las com luvas higienizadas e colocá-las para fermentar em suco pasteurizado ou mosto resfriado. Evite frutas com bolores visíveis — micro-organismos oxidativos tendem a ser indesejados.

Existem duas abordagens:

  • Coleta ativa, onde a fruta é usada como inoculante primário num meio (mosto ou suco).
  • Adjunto fermentativo, onde a fruta inteira é adicionada à cerveja pronta, como nas Lambics com frutas. Essa técnica adiciona novos açúcares e microrganismos, alterando o perfil sensorial da bebida.

Boas frutas para coletar:

  • Jabuticaba
  • Araçá
  • Amora
  • Framboesa
  • Cereja

Frutas com sementes grandes (como pitanga) podem gerar adstringência ou liberar substâncias indesejadas como ácido cianídrico.

Frutas, flores, pólen e ceiva como fontes microbianas

Flores

Flores são ricas em microrganismos graças à presença de açúcares e ao trânsito de insetos. Apesar disso, a coleta direta a partir de flores exige cuidados laboratoriais — preferencialmente com isolamento em meio de cultura, como ágar. A baixa quantidade de açúcares e a diversidade microbiana tornam o processo mais técnico e menos previsível.

Pólen

O pólen de abelhas nativas é um meio altamente promissor. A pesquisadora Carola Carvalho, do Space Beer Project, destaca que ele contém leveduras específicas da colmeia, capazes de fermentar espontaneamente. O uso exige cuidado, pois poucas delas são Saccharomyces e nem todas geram resultados sensoriais agradáveis.

Ceiva de árvores

Em regiões como Escandinávia e Itália, a ceiva (como a do maple) é usada na produção de bebidas fermentadas. Com baixo teor de açúcar, ela exige concentrações e coletas específicas. Apesar de menos comum, é uma fonte viável de microrganismos.

Mel de abelhas nativas: um campo fértil de fermentações

Diego Simão compartilha sua experiência com abelhas mirim e mandaçaia. O mel dessas abelhas, com menor teor de açúcar e maior umidade, fermenta com facilidade. Após coleta com seringas sanitizadas, o mel é propagado sucessivamente em suco de maçã pasteurizado e depois em mosto, até alcançar uma colônia estável.

Rodrigo, da Yarun Fermentados, também utiliza mel de abelhas tubuna, propagando os microrganismos em mosto lupulado e posteriormente em mosto mais neutro. A escolha do meio interfere diretamente no tipo de levedura selecionada e no resultado sensorial final.

Etapas e cuidados fundamentais na coleta

Equipamentos e higiene

  • Luvas, frascos de vidro esterilizados, seringas novas e airlocks são obrigatórios.
  • O uso de equipamentos inadequados pode comprometer toda a coleta.

Preparo do meio de propagação

  • Adicionar álcool (3–5%) ao mosto ajuda a inibir microrganismos patogênicos.
  • Ajustar o pH para cerca de 4,5 é outra medida de segurança.
  • Mostos com diferentes níveis de IBU permitem selecionar perfis específicos (mais ou menos acidez, mais resistência bacteriana, etc).

Propagações sequenciais e análise sensorial

  • Nunca use a primeira fermentação diretamente na cerveja final.
  • Realize de 2 a 5 propagações em meios diferentes.
  • Avalie o perfil sensorial, fermentativo e estabilidade antes de escalar a produção.

Conclusão: ciência, cuidado e criatividade na coleta selvagem

A coleta de microrganismos selvagens para uso cervejeiro exige muito mais do que “abrir a janela e esperar a mágica acontecer”. Ela demanda conhecimento técnico, cuidado com a segurança alimentar e, principalmente, paciência. Seja com frutas, flores, mel ou mandioca, cada meio oferece desafios e oportunidades únicas de expressão sensorial.

Como reforçado por Diego, Rodrigo e Carola, é preciso entender que fermentação espontânea não significa ausência de método, mas sim respeito à diversidade da natureza, com técnica e propósito. No fim das contas, como diz Henrique, tudo tem um começo — e ele pode estar em uma jabuticabeira no quintal, num engenho centenário ou numa colmeia urbana.

#279 – Água: BÔNUS – ajustando seu perfil de água

Brassagem Forte - Água

Ajuste de água na prática: aplicações em três estilos de cerveja

Introdução: a água como elemento final (e essencial)

Neste episódio bônus, que encerra a série sobre água no Brassagem Forte, Henrique Boaventura e Gabriela Lando, a Química Cervejeira, se aprofundam na aplicação prática dos conhecimentos discutidos em episódios anteriores.

A proposta? Ajustar a água para três estilos diferentes de cerveja utilizando dois perfis opostos: uma água de superfície (pouco mineralizada) e uma água de poço (alta alcalinidade).

O objetivo aqui não é apenas aplicar concentrações em um software como Brewfather ou Beersmith, mas entender o raciocínio por trás dos ajustes, seus impactos sensoriais e técnicos, e como alcançar o equilíbrio necessário para extrair o melhor de cada receita.

É mais um episódio com a parceria da Lamas Brewshop, da Hops Company, da Levteck e da Cerveja Stannis. O papo tá imperdível!

O que nos ensinou John Palmer?

Antes de entrar nos números, Gabriela resgata conceitos fundamentais do livro Water, de John Palmer:

  • Objetivo da correção da água: melhorar o sabor da cerveja, nunca complicar o processo.
  • Menos é mais: evitar excesso de mineralização, respeitando os limites recomendados para cada mineral.
  • Repetição e calibração: são necessários de 3 a 5 lotes para encontrar o ponto ideal.
  • Faixa de pH ideal da mostura: entre 5,2 e 5,6. Medir sempre com pH-metro calibrado.
  • Evite pressa e exageros: “Meça duas vezes, adicione uma.”
  • Não tenha medo de errar: experimente, mas com responsabilidade técnica e sanitária.

Os perfis de água utilizados

Água de superfície (padrão de rede urbana)

  • pH: 6,2
  • Cálcio (Ca): 6 ppm
  • Magnésio (Mg): 2 ppm
  • Sódio (Na): 5 ppm
  • Cloreto (Cl): 12 ppm
  • Sulfato (SO₄): 15 ppm
  • Bicarbonato (HCO₃): 10 ppm
  • Alcalinidade: 8 ppm
  • Alcalinidade residual: 2,5 ppm

Água de poço (alta alcalinidade)

  • pH: 7,1
  • Cálcio: 35 ppm
  • Magnésio: 7 ppm
  • Sódio: 13 ppm
  • Cloreto: 15 ppm
  • Sulfato: 0 ppm (abaixo do limite de detecção)
  • Bicarbonato: 160 ppm
  • Alcalinidade: 131 ppm
  • Alcalinidade residual: 102 ppm
       
ÁguaSuperficial (S)Poço (P)
pH6,27,1
Ca2+(cálcio)6 ppm35 ppm
Mg2+ (magnésio)2 ppm7 ppm
Na+ (sódio)5 ppm13 ppm
Cl (cloreto)12 ppm15 ppm
SO42- (sulfato)15 ppm0 ppm
HCO3 (bicarbonato)10 ppm160 ppm
Alcalinidade8 ppm131 ppm
RA2,5 (3 no Brewfather)102

Estudo de Caso 1: Cream Ale

Características do estilo

A Cream Ale é uma cerveja leve, limpa, neutra, refrescante e com leve caráter maltado. Altamente carbonatada, é ideal para consumo em atividades ao ar livre, com atenuação elevada e pouco amargor.

Receita base (brew in a bag)

  • 4,5 kg de malte Pilsen
  • 500 g de milho em flocos
  • 150 g de açúcar comum
  • Volume total de água: 34 L
  • Volume final de mostura: 21 L
  • Eficiência: 70%

Diretrizes de perfil de água (segundo Palmer)

Para uma cerveja clara, leve e com amargor de baixo a médio:

  • Cálcio: 50–100 ppm
  • Magnésio: até 30 ppm
  • Cloreto: até 100 ppm
  • Sulfato: até 50 ppm
  • Razão Sulfato/Cloreto: ~1,3
  • Alcalinidade residual: entre -30 e 0 ppm

Ajuste da água de superfície

Problema: Baixos níveis de cálcio e magnésio.
Solução proposta:

  • Aumentar cálcio para 60 ppm
  • Aumentar magnésio para 10 ppm (opcional)

Impacto da alteração:

  • Com cálcio e magnésio: alcalinidade residual = -40
  • Apenas cálcio: alcalinidade residual = -36

Adição de sais (para 34 L de água):

  • 3 g de cloreto de cálcio (CaCl₂)
  • 3,3 g de sulfato de cálcio (CaSO₄)

Resultado:

  • Sulfato = 70 ppm
  • Cloreto = 55 ppm
  • Razão ≈ 1,3
  • Alcalinidade residual = -31

Nota: Magnésio poderia ser adicionado, mas não foi neste caso para evitar ultrapassar a proporção ideal e não carregar o perfil sensorial.

Ajuste da água de poço

Problema: Alcalinidade muito elevada (102 ppm).
Adição dos mesmos sais (CaCl₂ e CaSO₄):

  • 2,8 g de cloreto de cálcio
  • 4,8 g de sulfato de cálcio

Resultado:

  • Cálcio = 87 ppm
  • Alcalinidade residual = 65 ppm

Solução complementar:

  • Acidificação com ácido lático a 80%
  • Previsão de adição: 4,5 mL para alcançar pH 5,6

Alerta importante:

  • Não confiar 100% nas previsões do Brewfather; sempre usar pH-metro calibrado durante a mostura.
Cream AleS (início)S (final)P (início)P (final)
Ca2+6 ppm53 ppm35 ppm86 ppm
Mg2+2 ppm2 ppm7 ppm7 ppm
Na+5 ppm5 ppm13 ppm13 ppm
Cl12 ppm55 ppm15 ppm55 ppm
SO42-15 ppm70 ppm0 ppm70 ppm
HCO310 ppm160 ppm
Alcalinidade8 ppm131 ppm
RA3-3110265
Acidificação?TalvezSim
Adições3 g de cloreto de cálcio (CaCl2)
3,3 g de sulfato de cálcio (CaSO4)
2,5 g de cloreto de cálcio (CaCl2)
4,2 g de sulfato de cálcio (CaSO4)
Volume34 L de água

Considerações técnicas importantes

  • Sais sempre vêm com nome e sobrenome: usar cloreto de cálcio e sulfato de cálcio implica em adicionar tanto o cátion (Ca²⁺) quanto o ânion (Cl⁻ ou SO₄²⁻). Isso afeta múltiplos parâmetros.
  • O pH é logarítmico, não linear: pequenas adições de ácido podem ter impactos desproporcionais. Ajuste com calma e com acompanhamento em tempo real.
  • Só ajuste pH depois da adição do malte: os maltes afetam fortemente o pH da mostura, especialmente maltes escuros ou cristal.
  • O ácido lático é o mais indicado para ajuste de pH: o fosfórico pode interferir com o cálcio e prejudicar o processo.

Estudo de Caso 2: American IPA

Características do estilo

Segundo o BJCP, a American IPA é uma cerveja clara, de teor alcoólico moderadamente alto, com destaque para o lúpulo — tanto no aroma quanto no amargor. Seu perfil de fermentação é limpo, com final seco e amargor assertivo.

Receita utilizada

Baseada na Punk IPA da BrewDog:

  • 6 kg de malte Pale
  • 330 g de Caramunique I
  • Mostura com 35,5 L de água, fervura com 31,8 L
  • Lote final: 21 L

Diretrizes de perfil de água para o estilo

Conforme Palmer:

  • Cálcio: 50–150 ppm
  • Magnésio: 0–30 ppm
  • Cloreto: 0–100 ppm
  • Sulfato: 100–400 ppm
  • Relação Sulfato:Cloreto: 2,5 a 4
  • Alcalinidade residual: -30 a +30 ppm

Ajuste da água de superfície

Objetivo: manter a intensidade de lúpulo sem excesso de minerais.

  • Sulfato: 200 ppm
  • Cloreto: 75 ppm → Razão: 2,7
  • Magnésio: 12 ppm para evitar excesso de cálcio
  • Cálcio: 103 ppm

Adições por 35,5 L de água:

  • 9,3 g de sulfato de cálcio (CaSO₄)
  • 13,5 g de sulfato de magnésio (MgSO₄)
  • 13,5 g de cloreto de cálcio (CaCl₂)

Resultado técnico:

  • pH estimado: ~5,4
  • Se necessário, ajuste com bicarbonato de sódio:
    • 2,5 g → aumenta alcalinidade residual para -30 ppm
    • Sódio resultante: 24 ppm

Ajuste da água de poço

Água com elevada alcalinidade exige maior atenção.

Adições por 35,5 L:

  • 7,1 g de CaSO₄
  • 8 g de MgSO₄
  • 3,4 g de CaCl₂

Resultados:

  • Cálcio = 116 ppm
  • Magnésio = 29 ppm
  • Alcalinidade residual = 31 ppm

Acidificação necessária: 1,3 mL de ácido lático (80%) para pH 5,6

American IPAS (início)S (final)P (início)P (final)
Ca2+6 ppm103 ppm35 ppm116 ppm
Mg2+2 ppm12 ppm7 ppm29 ppm
Na+5 ppm24 ppm13 ppm13 ppm
Cl12 ppm75 ppm15 ppm76 ppm
SO42-15 ppm200 ppm0 ppm200 ppm
HCO310 ppm160 ppm
Alcalinidade8 ppm131 ppm
RA3-3010231
Acidificação?NãoSim
Adições2,5 g de bicarbonato de sódio (NaHCO3)
3,5 g de cloreto de cálcio (CaCl2)9,3 g de sulfato de cálcio (CaSO4)3,5 g de sulfato de magnésio (MgSO4)
3,4 g de cloreto de cálcio (CaCl2)
7,1 g de sulfato de cálcio (CaSO4)8 g de sulfato de magnésio (MgSO4)
Volume35,5 L de água

Estudo de Caso 3: Irish Stout

Características do estilo

Estilo preto com sabor torrado pronunciado. Pode variar de levemente maltada até extremamente seca e amarga. O perfil sensorial remete a café e chocolate, com ou sem cremosidade, dependendo do método de serviço.

Receita

  • 3 kg de malte Pale
  • 650 g de cevada em flocos
  • 320 g de cevada torrada
  • 33,5 L de água de mostura, fervura com 31 L
  • Lote final: 21 L

Parâmetros ideais para o estilo (Palmer)

  • Cálcio: 50–75 ppm
  • Magnésio: 0–30 ppm
  • Cloreto e sulfato: 50–150 ppm cada
  • Relação: ~1:1
  • Alcalinidade residual: 60–120 ppm
  • Águas alcalinas são desejáveis

Ajuste com água superficial

Desafio: baixa alcalinidade pode levar a pH abaixo do ideal com maltes escuros.

Evitar uso de carbonato de cálcio: difícil solubilização.
Solução:

  • Usar bicarbonato de sódio para elevar a alcalinidade
  • Evitar práticas como adicionar sais sobre a cama de grãos — não há eficácia comprovada

Composição final da água (para 33,5 L):

  • 3,6 g de CaSO₄
  • 4,3 g de CaCl₂
  • 3,4 g de bicarbonato de sódio

Resultados:

  • Alcalinidade = 82 ppm
  • Cálcio = 66 ppm
  • Sódio = 33 ppm
  • Sulfato e cloreto = 75 ppm cada

Ajuste com água de poço

Vantagem: alcalinidade já elevada, ideal para maltes torrados.
Desafio: ausência de sulfato → necessário adicionar.

Adições (para 33,5 L):

  • 2 g de CaSO₄
  • 3,2 g de CaCl₂
  • 2,3 g de MgSO₄

Resultados:

  • Cálcio = 75 ppm
  • Magnésio = 14 ppm
  • Sulfato e cloreto = 60 ppm cada
  • Alcalinidade residual = 69 ppm

Atenção especial:

  • Mesmo com água alcalina, medir o pH é essencial.
  • Maltes escuros variam muito de cor real em relação ao valor estimado nas calculadoras (como Brewfather).

Ideal: solicitar ao fornecedor o EBC real dos maltes.

Irish StoutS (início)S (final)P (início)P (final)
Ca2+6 ppm66 ppm35 ppm75 ppm
Mg2+2 ppm2 ppm7 ppm14 ppm
Na+5 ppm33 ppm13 ppm13 ppm
Cl12 ppm75 ppm15 ppm60 ppm
SO42-15 ppm75 ppm0 ppm60 ppm
HCO310 ppm160 ppm
Alcalinidade8 ppm131 ppm
RA31910269
Acidificação?NãoSim
Adições3,4 g de bicarbonato de sódio (NaHCO3)
4,3 g de cloreto de cálcio (CaCl2)3,6 g de sulfato de cálcio (CaSO4)
3,2 g de cloreto de cálcio (CaCl2)
2 g de sulfato de cálcio (CaSO4)2,3 g de sulfato de magnésio (MgSO4)
Volume33,5 L de água

Conclusão: ajuste de a água é estratégia e prática

O ajuste do perfil de água é uma das ferramentas mais poderosas para a construção do perfil sensorial e técnico de uma cerveja. Como visto nos três exemplos — Cream Ale, American IPA e Irish Stout —, diferentes fontes de água e objetivos de estilo exigem estratégias distintas:

  • Águas pouco mineralizadas exigem complementação precisa de sais e atenção com o pH.
  • Águas de poço podem facilitar receitas escuras, mas exigem controle de minerais específicos.
  • Não há atalhos: medição de pH durante a mostura é obrigatória.
  • O uso consciente de sais (com “nome e sobrenome”) evita desequilíbrios técnicos.
  • Ferramentas como o Brewfather são úteis, mas não substituem a medição real com pH-metros calibrados.

E por fim, o ajuste de água é tanto uma ciência quanto uma arte. Exige testes, paciência, observação e curiosidade. Como resumiu Gabriela , o mantra que deve ficar após essa série é simples e direto:

“Meça o pH da mostura.”

Leituras recomendadas

  1. Água (Palmer & Kaminski) – Editora Krater
  2. How to Brew (John Palmer) – Edição em português ampliada
  3. Ciência da Cerveja (Luís Torre) – Tradução e edição por Gabriela Lando
  4. Química da Cerveja (Alfredo A. Muxel) – Professor da UFSC

Essas obras são ótimos pontos de partida (e aprofundamento) para quem deseja entender melhor como a água influencia — e pode transformar — a cerveja que você produz!